Café: Na mesma sessão, arábica testa máxima em duas semanas, mas fecha em queda na Bolsa de NY 3e164u

Publicado em 06/06/2025 15:41

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A semana foi de volatilidade para os preços dos cafés nas bolsas internacionais e, depois de começar o dia com quase 3% de alta na Bolsa de Nova York, os futuros do arábica inverteram o sinal e terminaram o pregão desta sexta-feira (6) em queda. As perdas entre as posições mais negociadas ficaram entre 0,6% e 0,7%, com o julho valendo 357,45 cents de dólar por libra-peso e o setembro com 354,75 cantavos/lp. 

Apesar do recuo, o mercado testou altas importantes ao longo desta semana, exibindo um movimento de correção técnica depois de ter testado, nos últimos dias, suas mínimas em dois meses, mas também refletindo algumas preocupações em relação à oferta da safra 2025/26. Com as altas fortes observadas mais cedo, o mercado testou suas máximas em duas semanas. 

"Em nossa opinião, no mercado cafeeiro, os fundamentos permanecem os mesmos: baixos estoques, clima irregular e equilíbrio precário entre produção e consumo mundial. A aproximação do período de inverno no hemisfério sul complica esse cenário", afirma Eduardo Carvalhaes, diretor do Escritório Carvalhaes.

As previsões climáticas apontam para a chegada de uma nova massa de ar polar ao Brasil, a qual poderia baixar as temperaturas de forma considerável nas principais regiões cafeeiras de Minas Gerais. Embora não haja, até este momento, previsão de geadas para as principais regiões produtoras, o frio intenso mantém os cafeicultores em alerta e, consequentemente, o mercado também. 

Apesar do frio, não há, todavia, preocupações com chuvas para as regiões produtoras de café nos próximos dias. "Apenas a nebulosidade deve ficar variável e a umidade do ar ficar mais elevada. A tendência é de predomínio do tempo seco sobre a maior parte das áreas produtoras de café até o início da próxima semana. Apenas áreas do Paraná deve enfrentar chuvas moderadas", informa a Climatempo.

Já no início da próxima semana, ainda segundo a consultoria, "um novo sistema volta a espalhar chuvas sobre áreas do Sudeste, desde São Paulo até o Espírito Santo. Mais uma vez as pancadas serão pontuais, mas devem impactar atividades em campo".

Assim, as preocupações com a oferta de arábica permanecem no radar dos traders. Números compilados pela Pharos Consultoria mostram que a oferta global de arábica poderia registrar na temporada 2025/26 um déficit de mais de dois milhões de sacas, enquanto a de robusta poderia apresentar um superávit de mais de cinco milhões, como mostram as tabelas abaixo. 

Tabela: Pharos Consultoria
Tabela: Pharos Consultoria

"Vamos ter bastante robusta e menos arábica. O mundo vai voltar a consumir mais robusta, uma vez que a diferença está enorme, tanto no mercado interno, como no externo", afirmou o diretor da Pharos Consultoria, Haroldo Bonfá. Entre meados de setembro e o início de novembro de 2024, os preços do arábica e do robusta se aproximaram bastante no mercado brasileiro, como mostra o gráfico abaixo, e o movimento poderia se repetir neste ano. 

No entanto, no ano ado, os problemas não se davam só para o arábica, mas também para o robusta. O Vietnã, maior produtor de café robusta, teve uma das piores quebras da história em função de uma seca extrema. 

E nesta sexta-feira, pressionados também pelos fundamentos de oferta, os futuros do robusta fecharam em baixa na Bolsa de Londres. As perdas entre os contratos mais negociados variaram entre US$ 98,00 e US$ 153,00 por tonelada, com o julho valendo US$ 4440,00 e o novembro com US$ 4288,00 por tonelada. 

"Os preços do café hoje perderam o avanço inicial e recuaram devido às pressões sobre a colheita no Brasil e às exportações mais fortes de café do Vietnã", resumiram os analistas do portal internacional Barchart. 

Ainda segundo a publicação, o Escritório Nacional de Estatísticas do Vietnã informou que as exportações de café do Vietnã em maio aumentaram 59% em relação ao ano anterior, para 148.000 toneladas. No acumulado, as exportações de café do Vietnã de janeiro a maio, no entanto, caíram 1,8% em relação ao ano anterior, para 813.000 toneladas.

+ Exportações de café do Vietnã caem 1,8% de janeiro a maio

E paralelamente a todo este cenário de fundamentos, o mercado ainda se divide com as notícias políticas e econômicas. 

"O quadro político e econômico global permanece com enormes incertezas, levando as bolsas ao redor do mundo a trabalharem com fortes e rápidas oscilações. É impossível prever o que acontecerá nas próximas semanas e meses. Temos de aguardar o desenvolvimento das negociações entre EUA e China, convivendo com muita volatidade nos mercados mundiais, em meio às rápidas mudanças de opinião do presidente americano. Ontem, o rompimento entre o presidente americano e seu principal apoiador e aliado, Elon Musk, reforçou a insegurança dos agentes econômicos. Os desdobramentos da guerra, após a invasão da Ucrânia pela Rússia, e a situação no Oriente Médio, com as consequências do ataque terrorista contra Israel, se agravam a cada dia", detalha o Escritório Carvalhaes.

MERCADO BRASILEIRO

No mercado brasileiro, os preços também registraram uma semana de volatilidade, porém, os negócios apresentaram um ritmo melhor, ainda segundo informa o escritório.

"O mercado físico permanece calmo, mas, aos poucos, cresce o número de negócios realizados com lotes da nova safra. Há interesse comprador para todos os padrões de café. O volume de lotes de arábica da nova safra 2025/2026 ofertados no mercado ainda é baixo. Os trabalhos de colheita estão no início, mas começam a sair vendas de pequenos lotes da nova safra", explica Eduardo Carvalhaes.

De outro modo, com uma safra maior e mais consolidada, as vendas de conilon estão mais avançadas, registrando um volume de negócios bem maior. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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