Como o clima e os altos custos estão reduzindo significativamente a produção do Café Cereja Descascado no Brasil? 4ng17
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A produção do Café Cereja Descascado (CD) no Brasil mudou muito nos últimos anos. O processo, que visa aumentar a eficiência, otimizar tempo e espaço no pós-colheita e entregar um sabor mais suave aos consumidores, vem encontrando diversos desafios, como: altas temperaturas que afetam a qualidade da maturação do grão, maior procura por outras variedades de café e até mesmo a equalização de preço no mercado com os produtos naturais.
O produtor de cafés especiais, Guy Carvalho, conta que as áreas irrigadas que sofreram estresse e que tiveram o retorno da água na hora certa conseguiram boa maturação do grão e um índice de café cereja muito interessante, mas isso é exceção. A grande maioria das lavouras no Sul de Minas Gerais e no principal cinturão produtor de café arábica no Brasil não tem irrigação. "A preocupação nossa é principalmente a questão do clima, a questão do calor."
"Se as temperaturas ficarem elevadas, como aconteceu nos últimos meses, poderemos ver o período da fase do cereja ar mais rápido. Esse é o medo de todo cafeicultor, porque aí a mais rápido e dificulta não só fazer qualidade, mas a própria colheita mesmo, porque demora para amadurecer, depois a muito depressa, fica bem complicado acertar esse time de colheita. Como a florada atrasou, a colheita da safra 25 também está atrasando, como já era previsto. Alguns produtores já começaram, mas estão colhendo um índice de verde muito alto", destacou o produtor, que estima produzir apenas 30% de CD nesta safra.
Segundo o engenheiro agrônomo e consultor em cafeicultura, Jonas Leme Ferraresso, pelo menos nos últimos 3 anos muitos produtores optaram por não descascar o café exatamente pelo grande volume de grãos verdes colhidos. "Para o CD é importante que o grão esteja fresco, maduro e que não tenha um índice muito grande de verde. Com os verdes, o equipamento não funciona bem e o produtor acaba desperdiçando energia, porque ele tira apenas uns 40, 50% maduro. Então, a pelo equipamento um monte de café que não vai gerar o CD, e tudo isso tem um custo e necessita de muito trabalho", explicou o agrônomo.
O engenheiro destaca também que outra questão que vem reduzindo significativamente este tipo de produção é o diferencial de preço. "Hoje, com o preço do arábica bem alto como está, o diferencial de preço entre um natural de boa qualidade e um CD tem que ser muito bom e ter oferta, né? O CD é um café mais padronizado para um cliente mais exigente que está disposto a pagar um preço por ele, mas tem armazéns e várias localidades, por exemplo, que não têm oferta para este tipo de café", completou.
Em geral, o Café Cereja Descascado costumava ser mais caro do que o café natural. Para o presidente da Associação dos Cafeicultores da Região do Sudoeste de Minas Gerais, Fernando Barbosa, muitos cafeicultores associados estão desmotivados em realizar o processamento do CD justamente por conta da valorização do café comum e natural no mercado nacional.
"Pela falta do produto nos últimos anos, teve um nivelamento e uma alta demanda pelos cafés mais comuns, e isso aí acabou que desmotivou aqueles que já fazem um diferencial, que seria qualidade. Quando os cafés estavam na faixa de 360 a 370 reais, o produtor que vendia um Cereja Descascado, que é um café especial, acima de 80 pontos ou até mais, 83, 84 pontos, tinha ali uma oferta de 100 reais a mais no preço da saca. Então, justificava ele fazer a padronização, fazer a separação, pois existia um padrão de bebida melhor, agregando valor ao produtor", contou o presidente.
Mesmo diante dos desafios climáticos, altos custos e maior competitividade no mercado, alguns produtores ainda optam por essa prática, mas não pelo valor do ganho final com o produto. Este processo facilita a parte logística de pós-colheita e reduz o custo relacionado à mão de obra.
"Mas, a gente observando e olhando por um lado, para quem trabalha qualidade e enxerga um mercado diferenciado, esse certamente vai continuar despoupando. São produtores que já enxergam a questão de padronização, e não pelo valor ganho no final da produção", afirma Barbosa.
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