Mercado global de grãos e oleaginosas oscila entre otimismo comercial e riscos estruturais, aponta Hedgepoint 39j1c
A trégua comercial firmada entre Estados Unidos e China trouxe alívio temporário aos mercados globais, mas a cadeia de grãos e oleaginosas ainda enfrenta um ambiente desafiador e volátil. É o que mostra o relatório mensal divulgado pela Hedgepoint Global Markets, que analisa os principais drivers de oferta, demanda e preços nos segmentos de soja, milho e trigo. 1k6y6x
O acordo, fechado em Genebra e válido por 90 dias, prevê a redução de tarifas bilaterais sobre produtos agrícolas e industriais, além da suspensão de medidas retaliatórias, como o bloqueio chinês à exportação de minerais de terras raras. O movimento trouxe alívio imediato aos mercados financeiros: o índice S&P avançou, o dólar se fortaleceu e o índice de volatilidade VIX recuou.
Contudo, este alívio é momentâneo. “A tensão estrutural entre EUA e China continua presente e seguirá afetando o comportamento dos agentes econômicos. Além disso, os mercados ainda têm que lidar com questões climáticas, riscos geopolíticos, endividamento americano e mudanças na política energética”, afirma, Thais Italiani, gerente de Inteligência de Mercado da Hedgepoint.

Soja: Brasil deve liderar exportações, mas equilíbrio de preços dependerá da China
A construção de estoques estratégicos de soja pela China alcançou níveis recordes de 43 a 44 milhões de toneladas, o que deve limitar as importações em 2024/25. No entanto, o USDA já prevê uma retomada da demanda no ciclo 2025/26, visando manter esse nível de segurança alimentar. Essa perspectiva pode favorecer os exportadores sul-americanos, especialmente o Brasil.
Com uma produção estimada em 175 milhões de toneladas para 2025/26 (segundo o USDA), o Brasil deverá manter a liderança global no mercado de soja. Além disso, a demanda chinesa potencialmente ampliada, em decorrência da guerra comercial, já está embutida nas expectativas de exportações recordes – o que deve pressionar os estoques domésticos e fortalecer os preços no segundo semestre.
Nos Estados Unidos, a estimativa inicial para a safra 2025/26 é de 118,1 milhões de toneladas. Mas esse número depende de condições climáticas ideais. Diante de estoques reduzidos e demanda aquecida por farelo e óleo, o país tende a ter um balanço apertado, o que sustenta os preços, mesmo com exportações mais lentas e volumes em risco devido às disputas comerciais.

Milho: Etanol dá fôlego ao Brasil em meio a concorrência acirrada
O USDA projeta uma safra recorde de milho nos Estados Unidos para 2025/26, com potencial para ultraar 400 milhões de toneladas pela primeira vez. A produção robusta permitirá o crescimento das exportações, mas também deve aumentar os estoques e pressionar os preços em Chicago.
O Brasil, com uma estimativa de 131 milhões de toneladas para 2025/26, pode se beneficiar do cenário internacional, especialmente se as tarifas impactarem as vendas dos EUA e da Argentina. Além disso, o etanol de milho vem ganhando relevância no Brasil e já é considerado um fator-chave de sustentação dos preços no mercado interno. “O forte consumo doméstico impulsionado pelo biocombustível é um diferencial positivo para o Brasil, que ajuda a mitigar os riscos externos”, destaca Luiz Fernando Roque, coordenador de Inteligência de Mercado da Hedgepoint.
Por outro lado, fatores como a gripe aviária e uma possível redução das exportações de carne de frango podem afetar o consumo de milho para ração. Como os frangos representam 57% desse consumo, essa variável merece atenção.

Trigo: Clima nos EUA pressiona produção e fundos aumentam posições vendidas
No trigo, as atenções estão voltadas para as condições adversas enfrentadas por lavouras de inverno em estados-chave dos EUA, como Kansas, Texas, Nebraska e Dakota do Sul. O plantio do trigo de primavera avança de forma acelerada, acima da média dos últimos cinco anos, mas o clima segue como fator determinante para a safra 2025/26.
Enquanto isso, os fundos especulativos aumentam suas apostas na queda dos preços. As posições vendidas em milho e trigo atingiram níveis historicamente altos tanto na CBOT quanto na bolsa europeia MATIF, onde os contratos vendidos em trigo alcançaram o maior patamar em 10 anos.

Complexo soja: fundos apostam em recuperação
No mercado de derivados de soja, os fundos reverteram recentemente suas posições para uma postura mais otimista, comprando contratos de soja e óleo, mas mantendo uma posição vendida no farelo. Isso indica uma visão mais positiva sobre os usos industriais e energéticos do grão, além de precificar estoques mais baixos nos EUA devido a uma provável safra menor.
Óleo de palma: concorrência retorna
No mercado internacional, os preços do óleo de palma voltaram a ficar abaixo dos preços do óleo de soja, o que pode atrair parte da demanda e gerar competição adicional para os exportadores de soja. A Indonésia e a Malásia devem registrar aumento de produção em 2025/26, com estoques se mantendo estáveis diante do crescimento das exportações.

0 comentário 26695n

Mercado global de grãos e oleaginosas oscila entre otimismo comercial e riscos estruturais, aponta Hedgepoint

Produtores intensificam atividades de preparo para plantio de culturas de inverno

Mesmo com oferta abundante e potencial de recordes de produção, mercado do arroz no Brasil enfrenta redução da demanda interna e externa

Arroz/Cepea: Indicador cai para o menor nível desde jul/22

Possíveis cenários de impacto da gripe aviária no mercado do boi vão desde pressão na arroba até melhora nas exportações

Rio Grande do Sul realiza educação sanitária na região do foco da gripe aviária