Vai faltar milho no mundo ainda em 2026 e cereal deverá valer mais no próximo ano 5p4i53

Publicado em 29/05/2025 15:00
Brasil segue com o cereal mais competitivo do mundo e pode fechar o ano exportando 40 mi de t

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Há em desenvolvimento uma nova safra de milho nos Estados Unidos que poderá ser recorde. Foi iniciada a colheita da segunda safra de milho no Brasil e as projeções também são de um volume considerável, mais de 100 milhões de toneladas. Há outros países produzindo milho em diversas partes do planeta neste momento. Ainda assim, o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, afirma que o déficit de milho que o mundo enfrenta hoje não será sanado em 2026. "Vai faltar milho no ano que vem". 

Brandalizze não afirma só que vai continuar faltando milho no que vem, como também acredita que, na média, o milho de 2026 valerá mais do que o milho de 2025. 

Atualmente, o déficit global de milho é de cerca de 30 milhões de toneladas, considerando uma proução de 1,221,28 bilhão de toneladas e um consumo de 1,250,06 bilhão, segundo os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Uniddos) sobre o ano safra 2024/25, reportados em maio no boletim mensal de oferta e demanda. O cálculo impressiona e, ainda como explica o consultor, em algum momento o "mercado vai acordar para isso" para registrar um ajuste nos preços. 

Para a temporada 2025/26, o USDA estima a produção mundial do cereal em 1,264,98 bilhão e o consumo em 1,274,43 milhões de toneladas. Faltariam ainda 10 milhões de toneladas, isso se der tudo certo com o que se planeja e se desenvolve por enquanto. 

"E eu acredito que o déficit vai continuar sendo maior porque a demanda de milho está crescendo mais do que as projeções estão mostrando, e não tem uma garantia de que os demais países vão produzir para crescer e manter o déficit menor. O mundo está comendo mais a cada ano que a, isso é indiscutível, é só olharmos os dados. Então, eu acredito que mesmo com um aumento da safra americana, os fundamentos longos, lá para 2026, eles seguem positivos e eu continuo vendo que os preços podem, inclusive, furar os US$ 5,00 lá em Chicago, principalmente no julho/26, justamente porque a hora que o mercado começar a acordar para ver, vai ser que mesmo com uma boa safra, o déficit pode chegar a 20 milhões", detalha Brandalizze. 

Considerando ainda números do USDA, compilados e organizados pela Agrinvest Inteligência, é possível perceber, no quadro mundial, que apesar de um aumento na produção de mais de 50 milhões de toneladas, os estoques finais deverão registrar um aumento de 'apenas'10 milhões de toneladas. 

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Tabela: Agrinvest Inteligência

Em um recorte específico sobre o Brasil, a Agrinvest traz os cálculos que apontam que não só os estoques finais deverão manter-se apertados, como duram poucos dias em ambos os anos comerciais. Considerando o período de fevereiro de 2025 a janeiro de 2026, os estoques finais brasileiros podem chegar ao primeiro mês do ano que vem em 14,280 milhões de toneladas, cobrindo 59 dias de consumo. Já considerando de fevereiro de 2026 a janeiro de 2027, o número de dias cairia para 54, com estoques de 13,520 milhões de toneladas. 

Veja os detalhes nos quadros abaixo:

Milho - Agrinvest (3)
Tabela: Agrinvest Inteligência
Milho - Agrinvest (1)
Tabela: Agrinvest Inteligência

Assim, para o especialista ds Brandalizze Consulting, mesmo que o mercado global não enfrente um déficit de 30 milhões de toneladas como o registrado neste ano safra, a reação do mercado será inevitável diante do desequilíbrio na relação de oferta e demanda. "O mercado vai ver que o milho está barato e que precisa trabalhar entre US$ 4,50 e US$ 5,00 por bushel e, em alguns meses mais críticos, como é o julho, que normalmente paga melhor ele tem que ar dos US$ 5,00. Agora, ando este momento de plantio e com algum 'movimentinho' climático, principalmente depois do período de 15 a 20 de junho, o mercado já pode expor essa situação", diz. 

Os players aguardam agora pela atualização dos dados de área dos Estados Unidos que serão trazidos pelo departamento norte-americano de agricultura no final deste mês. A expectativa de analistas e consultores de mercado, inclusive, é de que a área plantada nos EUA possa vir corrigida para baixo depois das adversidades climáticas que alguns estados registraram. A última estimativa de área plantada do USDA para o milho foi de 38,57 milhões de hectares e a plantada em 35,37 milhões. 

Somada às preocupações com o próprio milho, com outros países importantes no quadro da produção também sofrendo com problemas em suas safras, como a China, por exemplo, o quadro apertado do trigo é mais um fator que pode dar e aos preços do milho. "O mercado ainda não está vendo isso também, que tem quebra na safra de trigo, e assim é menos trigo para ração, precisando de mais milho", complementa Vlamir Brandalizze. 

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Gráfico: Agrinvest Inteligência

E no quebra-cabeça da oferta e demanda global de milho, a peça China não pode ficar de fora. O diretor da Germinar Corretora, Roberto Carlos Rafael, detalha a importância que os números da nação asiática possuem na formação do cenário internacional. 

"A China é uma caixinha de surpresas. E o grande problema da China, que eu acho até ser estratégico, é que ela não tem um perfil de compras no mercado. Os números divergem, para esta safra eles falam em 8 milhões de toneladas, pode nem chegar a isso, para a próxima safra eles falam em 10 milhões de toneladas. Mas, como estão reduzindo os estoques de 198 para 182 milhões de toneladas, pode ser que eles venham ao mercado. Então, essa inconstância da China é o que incomoda os mercados, e isso pode ser estratégico por parte deles", analisa Rafael.

MILHO BRASILEIRO SERÁ FUNDAMENTAL  E MAIS COMPETITIVO 

O Brasil já é um player bastante consolidado neste mercado global de milho e deverá garantir boas oportunidades de negócios neste ano e, principalmente, no ano que vem. A segunda safra está praticamente consolidada no país, e o consumo - assim como a produção - deverá registrar números importantes, como explica o analista de mercado e diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro. 

"Teremos uma safra muito boa, salvo um problema nunca antes visto na história com frio excessivo, e eu falo isso porque nunca tivemos uma grande perda, considerável, por conta de geadas. Então, é um mercado que vai estar pressionado pela grande oferta do Brasil, somada a uma safra americana que vem muito bem. Por outro lado, a demanda é muito agressiva. O estoque mundial deve cair pelo segundo ano consecutivo, mesmo com os EUA produzindo mais de 400 milhões de toneladas, e o mundo vai consumir mais milho do que produzir. E isso, por si só, já é um fator positivo", explica o executivo. 

Pela primeira vez, o Brasil deverá ultraar as 90 milhões de toneladas consumidas, considerando as estimativas e salvo algum problema mais severo com a gripe aviária, o que segundo Palavro não deverá se confirmar. Do mesmo modo, ele explica ainda que por ser um ano de produção tão robusta, além deste bom consumo interno, as exportações brasileiras também terão que ser expressivas. 

"Isso vai nos exigir que se coloque, no mínimo, de 36,5 a 37 milhões de toneladas de milho para fora do país, o que é totalmente viável na nossa opinião, já que com essas quedas de preços que tivemos, várias regiões do Brasil já dão viabilidade, paridade de exportação. Nosso milho volta a ser o mais competitivo do mundo nestes últimos dias, e isso já volta a atrair demanda. Vejo que o milho tem chances de sofrer um cenário de pressão no curto prazo e depois voltar a se recuperar ao longo segundo semestre, como é normal para o milho nos últimos anos, dentro dos fundamentos gerais que o milho tem. Então, vejo que a demanda é um fator de muita força que vai equilibrar o mercado, mas aremos por um momento focado na oferta", conclui Cristiano Palavro. 

E não só neste ano de 2025 o milho do Brasil pode oferecer boas oportunidades para o produtor brasileiro, apesar de toda esta oferta, como para 2026 também. Ainda como explicou Vlamir Brandalizze, há muitos negócios já efetivados com a safrinha do que ano vem, com base na troca por insumos, já que o produtor encontrou bons momentos, justamente nas relações de troca. 

"Houve volumes maiores, na troca, com o milho do que com a soja, porque a relação milho-insumos estava melhor do que fazer com a soja, por isso que girou melhor. Eu estive em uma revenda que fez um milhão de sacas em três dias com relações de troca. Por isso que eu acredito que o milho de exportação em 2026 vai continuar crescendo, porque mesmo com o crescimento da safra americana não tem milho sofrendo. E a volta da China em 2026, provavelmente, vai ser mais agressiva porque ela está com problemas nas safras de milho e trigo neste momento, com altas temperaturas muito cedo, houve chuvas em volumes menores do que o necessário, dificuldades de irrigação, e o plantio ainda está andando por lá", detalha. 

Para o consultor, o Brasil pode fechar 2025 exportando até 40 milhões de toneladas de milho, mas isso "tendo porto". Afinal, além do milho brasileiro ser agora um dos mais baratos e e competitivos no mercado global - com prêmios que são de cerca de 10 centavos por bushel mais barato do que os americanos - o cereal é considerado o melhor do mundo, já que é colhido na seca, contando com excelente qualidade. "E esse ano, pela condição de clima, vai dar excelente qualidade".

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Por:
Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte:
Notícias Agrícolas

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