Ibovespa recua com exterior desfavorável e medidas locais no radar 1j1370
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Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O Ibovespa recuava nesta sexta-feira, chegando a trabalhar abaixo dos 135 mil pontos no pior momento, em meio a um ambiente externo mais negativo, enquanto agentes financeiros ainda repercutem anúncio de contenção de gastos e aumento do IOF pelo governo brasileiro na véspera.
Na contramão, as ações da JBS avançavam após acionistas aprovarem os planos da companhia de listar suas ações nos Estados Unidos.
Às 11h25, o Ibovespa, referência do mercado acionário brasileiro, caía 0,65%, a 136.383,66 pontos, tendo chegado a 134.997,30 na mínima até o momento. O volume financeiro somava R$7,17 bilhões.
Em Wall Street, o S&P 500 recuava 0,79%, com questões comerciais novamente minando a confiança dos investidores após o presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, recomendar tarifas de 50% sobre a União Europeia e ameaçar a Apple com sobretaxas se seus telefones não forem fabricados nos EUA.
A equipe da Ágora Investimentos também citou crescentes preocupações entre os investidores sobre as perspectivas fiscais da maior economia do mundo, após a Câmara dos Deputados norte-americana aprovar um projeto de lei de corte de impostos, que ainda será avaliado pelo Senado.
No Brasil, o governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva anunciou na quinta-feira elevações de Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) com impacto sobre empresas, operações de câmbio e previdência privada, com previsão de arrecadação de R$20,5 bilhões em 2025 e R$41 bilhões em 2026.
Na visão do economista Fabio Serrano, do BTG Pactual, o aumento do IOF roubou os holofotes da contenção de R$31,3 bilhões em gastos de ministérios para cumprir regras fiscais, mais forte do que o esperado e suficiente para garantir o cumprimento da meta fiscal de 2025 e do teto de gastos.
"Tanto o teor das medidas quanto a natureza inesperada do anúncio desencadearam uma reação negativa do mercado, ofuscando o sinal fiscal positivo", afirmou em relatório a clientes.
Porém, ainda na noite de quinta-feira, o Ministério da Fazenda recuou de parte das medidas, como a elevação de alíquota de IOF de 1,1% para 3,5% em remessas de recursos para conta de contribuinte brasileiro no exterior. As remessas destinadas a investimentos continuarão sujeitas à alíquota 1,1%.
"As mudanças nas regras da tributação do IOF, mesmo após algum recuo do governo, aumentam a percepção de risco entre os investidores e sugere uma postura mais cautelosa hoje", acrescentou a equipe da Ágora em relatório.
DESTAQUES
- MAGAZINE LUIZA ON caía 4,96%, com o varejo como destaque na ponta negativa do Ibovespa, uma vez que, entre as medidas anunciadas na véspera está o aumento do teto do IOF no crédito para empresas de 1,88% para 3,95% e a incidência do IOF sobre o desconto de recebíveis (risco sacado). ASSAÍ ON era negociada em baixa de 2,54%, LOJAS RENNER ON perdia 2,89% e AZZAS 2154 ON recuava 3,01%, também entre as maiores quedas. O índice do setor de consumo mostrava declínio de 0,61%.
- JBS ON subia 1,56%, após garantir nesta sexta-feira apoio de acionistas para prosseguir com a dupla listagem de ações nos EUA e no Brasil, com aprovação do plano em assembleia geral extraordinária. Analistas avaliam que a operação deve destravar valor das ações da JBS, uma vez que a empresa deve alinhar sua avaliação de mercado com a de seus pares internacionais com uma listagem nos EUA, o que permitirá o a uma gama mais ampla de investidores.
- ITAÚ UNIBANCO PN caía 0,46%, enquanto agentes avaliam os potenciais efeitos em bancos de medidas da véspera, entre elas o aumento do teto do IOF no crédito para empresas. Analistas do Goldman Sachs e do Citi esperam efeito limitado ou marginal para os bancos sob a cobertura deles, mas ponderaram que ainda é difícil quantificar os impactos. BRADESCO PN recuava 0,26%, BANCO DO BRASIL ON perdia 1,24%, SANTANDER BRASIL UNIT cedia 1,21% e BTG PACTUAL UNIT era negociada em baixa de 1,49%.
- PETROBRAS PN recuava 0,29%, distante da mínima, acompanhando a melhora dos preços do petróleo no exterior, onde o barril do Brent subia 0,54%, a US$64,79. No final da quinta-feira, a Unigel informou que firmou acordo com a Petrobras para encerramento de litígios, incluindo contratos de arrendamento das fábricas de fertilizantes na Bahia e em Sergipe, com as unidades retornando à posse da estatal em data ainda a ser definida. A celebração do acordo leva à resolução definitiva de disputas contratuais existentes entre as partes.
- VALE ON cedia 0,44%, tendo como pano de fundo a queda dos futuros do minério de ferro na China, onde o contrato mais negociado na Dalian Commodity Exchange encerrou as negociações diurnas com queda de 1,24%, a 718 iuans (US$99,73) a tonelada. Também no radar, o conselho de istração da mineradora aprovou na véspera a emissão de R$6 bilhões em debêntures, com prazos de 7, 10 e 12 anos.
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