Cultivo de Carinata avança no Brasil com produção 100% contratada pela indústria 225x2l

Publicado em 27/05/2025 11:38 e atualizado em 27/05/2025 14:19
Cultura é opção para rotação de culturas e auxilia no controle de doenças e na melhoria do solo

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Originária da Etiópia e da mesma família da canola, a carinata vem ganhando espaço no agronegócio brasileiro como uma alternativa de alto potencial. Utilizada na produção de óleo destinado ao combustível sustentável para aviação (SAF), a cultura tem como diferencial o fato de ter 100% da produção contratada pela indústria no momento do plantio, oferecendo segurança ao produtor rural.

Lauri Dalbosco, produtor em Chapadão do Sul (MS), adotou a carinata pelo segundo ano consecutivo e se surpreendeu com os resultados. “É uma cultura muito interessante para cobertura de solo. Ela está em fase de floração e deve ser colhida em cerca de 60 dias. A vantagem é que há um convênio que adquire toda a produção, por um valor acima, inclusive, da saca da soja”, relata.

Atualmente, toda a produção nacional de carinata é adquirida pela British Petroleum (BP), em parceria com a Nufarm, que lidera o projeto de expansão no Brasil. “A parceria garante previsibilidade ao produtor, diferente de culturas como o gergelim, que estão mais sujeitas às variações do mercado”, afirma Philipp Minarelli, gerente de Carinata e Canola da Nufarm Brasil.

“Todo o processo de esmagamento é igual ao da canola, mas o óleo da carinata é tóxico para consumo humano. Isso, na verdade, é uma vantagem pois evita competição com matérias-primas alimentares e a torna ideal para atender o mercado europeu de SAF”, complementa.

Segundo Bruno Galveas Laviola, pesquisador da Embrapa, a carinata é uma opção sustentável e viável como segunda safra em várias regiões do país. “Aqui no Brasil não temos esse entendimento de culturas alimentares competirem com energia, pois temos uma ampla área de cultivo. O diferencial aqui é que a carinata tem teor de óleo entre 38% e 42% e produtividade média de 2.500 kg/ha. Integrada à rotação com a soja, por exemplo, traz benefícios ao solo e melhora o desempenho das culturas subsequentes”, explica.

No último ano, a cultura ou por pré-lançamento comercial, com 7 mil hectares plantados. Em 2025, a área cultivada deve chegar a 45 a 50 mil hectares e a expectativa da Nufarm é seguir ampliando essa área nos próximos anos. “Até 2050, precisamos entregar cerca de 250 bilhões de litros de bioquerosene e isso equivale a mais de 30 milhões de hectares de carinata. Ou seja, além dela, precisaremos desenvolver uma diversificação de cultivos que atendam essa demanda”.

Minarelli destaca que, na última safra, a média de produtividade da cultura foi de 25 sacas por hectare, com custo médio de 18 sacas, o que gerou lucro líquido de cerca de R$800/ha, uma opção interessante diante de um cenário de preços incertos para o mercado de grãos. “Além da rentabilidade, a carinata é uma cultura de cobertura com valor comercial. Requer apenas 180 mm de água ao longo do ciclo, menos da metade da necessidade do trigo ou do milho. Sua raiz pivotante atinge até dois metros, melhorando a estrutura e a porosidade do solo, além de reciclar nutrientes.”

Dalbosco destaca que a cultivar já ocupa 5 mil hectares em sua região. “É de fácil manejo e não exige muitos cuidados. Outras opções, como girassol, milheto e braquiária, já conhecemos. A carinata ainda a por testes, mas mostra um potencial muito interessante”.

Estudos da Embrapa apontam ainda que a cultura atua no controle de nematoides, por meio da liberação de compostos com efeito bionematicida. Em áreas onde foi cultivada antes da soja, observou-se ganho de até cinco sacas por hectare.

Apesar dos resultados promissores, a cultura ainda enfrenta alguns desafios para a expansão, como controle mais eficaz de folhas largas no pós-emergência, ampliação do registro de defensivos e definição de zoneamento agrícola. “A possibilidade de financiamento já é possível, mas ainda há questões regulatórias e agronômicas que precisam ser debatidas. Após isso, não vemos limites para o crescimento desse tipo de cultivo no país”, finaliza Minarelli.

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Por:
Ericson Cunha
Fonte:
Notícias Agrícolas

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