Município de Alto Feliz (RS) se destaca na produção comercial de chuchu 3x1j6c
"Tem aquela coisa meio popular de que o chuchu é fácil de cultivar, que ele vai crescer em qualquer lugar, sem muito esforço, mas não é bem assim". A frase dita em tom bem humorado pelo jovem produtor Régis Finomonti, de Alto Feliz, talvez tenha como maior evidência empírica a parreira da própria família, localizada na comunidade de Santo Antônio. Em uma área de seis hectares pertencente à família, o agricultor se ocupa de colher, ao lado da irmã Carla, da mãe Elenir e do pai Roberto, um sem fim de caixas da hortaliça, com todos os frutos sadios, robustos e de um verde vigoroso, que irão em grande parte para a Ceasa/RS. 2m2rw
"É, o que dá pra se dizer com certeza é que aquele chuchu que dava em qualquer lugar, nas valetas e na beira da estrada, não tinha essa aparência ou esse formato", explica Régis. "Aliás, o tamanho meio exagerado pode até ser um problema, já que o consumidor não deseja que ele seja tão grande", completa o agricultor, apontando para os frutos de 20 centímetros de comprimento, que se espalham pelo frondoso parreiral. É o começo de maio e os Finimonti mal podem parar para conversar, já que a produção atinge seu auge entre o outono e o inverno. E a expectativa é a de colher cerca de 2.500 caixas (de 20 quilos cada) por hectare.
Assim como ocorreu para muitos dos produtores de Alto Feliz, o início foi bastante despretensioso. Atualmente o município é o maior produtor do Estado em área plantada, com cerca de 32 hectares e produção calculada de mais de 1.100 toneladas ao ano e 15 famílias envolvidas, de acordo com o mais recente Levantamento Olerícola da Emater/RS-Ascar. "Foi numa estrutura que era usada para uva, ali perto do galpão, num espaço de meio hectare, lá no ano de 2005", recorda Elenir, ao afirmar que era uma coisa "sem muito critério". "Na verdade, nós já trabalhávamos com hortaliças e a ideia do chuchu partiu de um amigo que fazia o carregamento", relembra.
Régis era criança na época, com apenas sete anos, mas tem na memória as dificuldades vividas. "É que na verdade essa crença popular acerca da facilidade do cultivo não tem muita base científica, já que a hortaliça tem não apenas um alto grau de exigência sanitária, como de necessidade de podas e outros manejos para evitar doenças ou mesmo um crescimento desproporcional", afirma o jovem. "Houve um ano em que, inclusive, tivemos grande perda porque a parreira simplesmente desabou, de tão pesada que estava", lembra Elenir, reforçando que foi ali que aprenderam sobre a importância da poda.
Para a família, aprender fazendo foi parte da trajetória. Com o apoio técnico da Emater/RS-Ascar e de capacitações e cursos servindo como complemento. "Uma coisa que a gente percebe é que a estrutura de ferros e de concreto para a produção de uvas não é a mesma que se adequa para o chuchu", observa Régis. Com o parreiral reestruturado, os Finimonti foram fazendo a coisa certa. "É uma cultura suscetível à questão climática, então temos de estar atentos em relação à estiagem ou ao excesso de chuvas e de como encontrar o equilíbrio, com as aplicações corretas de defensivos e outros", pontua Elenir.
O extensionista e responsável pela área de Olericultura da Emater/RS-Ascar, Lauro Bernardi, corrobora a tese. "Na realidade há uma série de fatores a serem observados para que as plantas possam expressar o seu máximo potencial produtivo e que vão desde a adubação e a nutrição adequada do solo, observação do espaçamento no plantio até o manejo correto de agroquímicos", frisa. Há outras exigências, como boa luminosidade, instalação de quebra-ventos, amarração de galhos e implantação de coberturas de solo. "É um trabalho diário para que as duas safras anuais possam ser a contento", completa o extensionista.
Nesse sentido, o excesso de chuvas e de ventos decorrentes da crise climática de maio de 2024 podem ter comprometido parte da produção desse ano. "O chuchu até necessita de bastante água, mas em excesso pode haver incidência de fungos, como a antracnose, ou mesmo perdas de solo", aponta o extensionista da Emater/RS-Ascar Anderson Frozza. Esse, aliás, parece ser o problema vivido pelo agricultor Zico Finimonti, que projeta perder, na pior das hipóteses, metade da safra dos treze hectares que cultiva na localidade de Santo Antônio Baixo.
Com um problema de abortamento da fruta, o agricultor tem tido dificuldades em concluir o ciclo. Sem ter muita certeza da origem do problema, ainda que as tempestades do meio do ano ado, seguidas de uma sequência de períodos mais secos, podem ter contribuído para que a planta ficasse comprometida. "Some-se a isso a entrada de produto de outras regiões e o caso é que mal conseguiremos pagar o investimento", projeta Zico, que, assim como os Finimonti, comercializa a maioria das caixas para a Ceasa/RS, com o valor aproximado de R$ 1 por quilo, com parte indo para mercados institucionais e outros.
Ainda assim, mesmo diante das dificuldades, o chuchu segue sendo um produto bastante procurado pelo consumidor, seja pela sua versatilidade ou mesmo pelos benefícios. Em Alto Feliz, Zico é um dos que comercializa por meio do Programa Nacional de Alimentação Escolar (Pnae) e de outras políticas públicas. Com 22 anos de estrada no cultivo, sendo oito com maior investimento, o agricultor afirma haver grande oscilação de mercado. "As coisas não estão tão boas neste ano, mas podem estar melhores no ano que vem, resta aguardar", argumenta.
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