Ibovespa fecha em queda com realização de lucros após renovar máxima histórica 2e113y
4f2m5j
Por Paula Arend Laier
SÃO PAULO (Reuters) - O sinal negativo prevaleceu na bolsa paulista nesta quarta-feira, com o avanço nas taxas dos contratos de DIs e as quedas em Wall Street endossando movimentos de realização de lucros um dia após o Ibovespa renovar máximas históricas.
Índice de referência do mercado acionário brasileiro, o Ibovespa fechou em queda de 1,59%, a 137.881,27 pontos, tendo marcado 137.538,35 pontos na mínima e 140.108,61 pontos na máxima, após fechar acima dos 140 mil pontos pela primeira vez na véspera. O volume financeiro somou R$22,7 bilhões.
"Um pouco de respiro com realização de lucros", resumiu a gestora de renda variável Isabel Lemos, do Fator Gestão, sobre o movimento do Ibovespa, que vem de seis ganhos semanais seguidos, tendo acumulado no período alta de mais de 9%. No ano, incluída a sessão desta quarta-feira, o índice soma alta de 14,63%.
Lemos relacionou parte da performance do Ibovespa em 2025 ao alívio na curva de juros local, bem como ao fluxo de capital externo e aos bons resultados de algumas empresas. Mas destacou que os juros reais seguem altos, o que inibe fluxo para renda variável, mesmo com ativos bastante atrativos na bolsa.
"Na medida em que você tem juros reais menores ou antecipa a queda de fato dos juros, talvez tenha uma procura maior por outros ativos, como em renda variável", afirmou.
Wall Street corroborou o viés negativo na B3, com o S&P 500 fechando em baixa de 1,61%, com preocupações de que a dívida do governo norte-americano pode aumentar em trilhões de dólares se o Congresso aprovar o projeto de lei de corte de impostos proposto pelo presidente dos EUA, Donald Trump.
DESTAQUES
- VALE ON caiu 1,28%, apesar da alta dos futuros do minério de ferro na China, apoiados pelo recuo do dólar e pela demanda resistente pelo ingrediente de fabricação de aço, embora a fraqueza do setor imobiliário da China tenha limitado os ganhos. O contrato mais negociado na Bolsa de Mercadorias de Dalian encerrou as negociações do dia com alta de 0,76%. O vencimento de referência na Bolsa de Cingapura, porém, encerrou com declínio de 0,06%.
- PETROBRAS PN recuou 1,12%, conforme os preços do petróleo no exterior abandonaram os ganhos e o barril de Brent fechou em queda de 0,72%. O governo do Estado do Rio de Janeiro propôs à estatal um Programa de Recuperação Fiscal (Refis) para encerrar disputas sobre dívidas que podem chegar a R$28 bilhões, em grande parte relacionadas ao imposto estadual ICMS. "Estamos negociando um grande Refis com a Petrobras", disse o governador fluminense, Cláudio Castro.
- ITAÚ UNIBANCO PN caiu 2,01%, em dia mais negativo para bancos do Ibovespa, com BRADESCO PN fechando em queda de 1,78%, SANTANDER BRASIL UNIT recuando 2% e BTG PACTUAL UNIT encerrando com declínio de 1,2%. BANCO DO BRASIL ON flertou com o sinal negativo, mas sucumbiu à piora no segmento e fechou com declínio de 0,94%.
- RAÍZEN PN avançou 5,95%, tendo como pano de fundo notícia de que o Pátria submeteu neste mês à apreciação do Conselho istrativo de Defesa Econômica (Cade) operação referente à aquisição de ativos relativos a projetos de usinas de geração solar distribuída detidos pela companhia, conforme processo disponível no site do órgão regulador. O CEO da Raízen afirmou recentemente que a empresa "está seguindo" com a venda dos ativos de energia para reduzir o endividamento.
- VAMOS ON caiu 6,6%, enfraquecida pelo avanço das taxas dos contratos de DI, que derrubou outros papéis sensíveis a juros, como CYRELA ON, que perdeu 5,61%, e MAGAZINE LUIZA ON, que recuou 4,06%.
- AZUL PN perdeu 5,56%, ainda enfraquecida por preocupações de agentes financeiros com a liquidez da companhia. Na véspera, a Standard & Poor's cortou a nota de crédito da empresa para "CCC-", com perspectiva negativa, citando maior probabilidade de "default" nos próximos seis a 12 meses. Uma reportagem da Bloomberg afirmou que a Azul pode fazer um pedido de recuperação judicial nos EUA "já na próxima semana" e que discute com credores financiamento de cerca de US$600 milhões.
- GOL PN, que não está no Ibovespa, disparou 35,29%, um dia após a aérea informar que seu plano de reestruturação foi aprovado pela Justiça dos Estados Unidos e que espera deixar o processo de recuperação judicial, ou Chapter 11, em junho. De acordo com analistas do BTG Pactual, a aprovação reduz significativamente a incerteza quanto à reestruturação financeira da Gol e aumenta a flexibilidade estratégica da empresa no futuro.
- JBS ON subiu 0,17%, tendo no radar a assembleia extraordinária com acionistas da empresa na sexta-feira para deliberar sobre seu plano para listar ações na bolsa de Nova York. Na véspera o BNDESPar, instituição do BNDES que atua no mercado de capitais, disse que reduziu sua participação acionária na companhia para 18,18%. Fontes afirmaram à Reuters que a BNDESPar pretende continuar vendendo papéis da JBS.
- MARFRIG ON valorizou-se 0,61%, com agentes financeiros ainda analisando os planos da companhia de incorporar a BRF, empresa na qual já detém controle acionário. Também de pano de fundo do setor permanece a questão da gripe aviária, com mais de 30 destinos comerciais já tendo suspendido as importações de carne de frango do Brasil após a confirmação de um foco da doença no Rio Grande do Sul. BRF ON encerrou com acréscimo de 0,19%.
- XP INC, que é negociada nos Estados Unidos, avançou 0,48%, após o balanço do primeiro trimestre mostrar lucro líquido ajustado de R$1,24 bilhão, alta de 20% ano a ano e um pouco acima das previsões de analistas, bem como novo programa de recompra de ações de R$1 bilhão. A plataforma de investimentos também mostrou melhora na rentabilidade ano a ano. O BTG Pactual reiterou compra e elevou o preço-alvo das ações de US$17 para US$22 após os números.
- NU, que é listada nos EUA, caiu 6,11% na esteira da saída de Youssef Lahrech dos cargos de presidente e diretor de operações (COO) do banco digital. As funções de Lahrech serão absorvidas pelo CEO, David Vélez. Para o Citi, a mudança pode aumentar a agilidade e a velocidade do banco na tomada de decisões, mas a falta de planos claros de sucessão para o cargo de COO pode levantar questões sobre incentivos, planejamento de longo prazo e a capacidade do NU de reter talentos-chave.
0 comentário 26695n

Risco fiscal nos Estados Unidos faz dólar ceder ante o real

Ibovespa fecha em queda com realização de lucros após renovar máxima histórica

Wall Street despenca com preocupações crescentes sobre dívida dos EUA

Brasil tem fluxo cambial negativo de US$2,226 bi em maio até dia 16, diz BC

Mercado de celulose dá sinais de ver ponto de equilíbrio na guerra comercial, diz Suzano

UE visa remover barreiras aos negócios para aumentar competitividade em meio às tarifas dos EUA